05 de julho de 2018 às 21h34
Leonardo Isaac Yarochewsky é um dos coautores do livro O Caso Lula: a luta pela afirmação dos direitos fundamentais no Brasil. Na foto, ele autografa um exemplar para o ex-presidente Lula. Fotos:Arquivo pessoal
Carta (resposta) ao Presidente Luiz Inácio Lula da Silva
por Leonardo Isaac Yarochewsky, especial para o Viomundo
Estimado Presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Li com muita atenção a carta que o senhor enviou ao povo brasileiro na última terça-feira (03/07).
Com todo o respeito, em “resposta”, venho lhe dizer, antes de tudo, que a maioria do povo brasileiro continua confiando no seu maior líder.
Não é sem razão, portanto, que Lula aparece em primeiro lugar em todas as pesquisas de opinião para Presidência da República.
Sim, Presidente, como disse em sua carta, “Chegou a hora de todos os democratas comprometidos com a defesa do Estado Democrático de Direito repudiarem as manobras” da qual Vossa Excelência é vítima, a fim de que prevaleça a Constituição e os princípios nela insculpidos.
Centenas de juristas sabem que o senhor foi condenado sem provas, tanto pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba quanto pelo TRF-4.
Tanto que várias obras e inúmeros artigos foram escritos por grandes juristas – inclusive estrangeiros – sobre o processo de exceção que lhe condenou.
É fato: o senhor foi condenado por um juiz “suspeito” e “incompetente”.
Também é fato: durante todo o processo o senhor foi tratado pelos agentes do Estado Penal como “inimigo”. E como tal, negam-lhe direitos e garantias fundamentais.
Com tantas injustiças, o senhor demonstra em sua carta – com toda razão! – descrença na justiça.
Sim, caríssimo Presidente, não há nada, absolutamente nada, mais revoltante e doloroso para o ser humano do que a injustiça.
A injustiça é a própria tirania, a iniquidade que desacredita as instituições e fere a alma.
Muitas vezes a injustiça é escancarada, vista por todos.
Outras vezes, sem ser vista ou percebida, a injustiça fantasia-se de legalidade, vitimando inocentes.
É o seu caso.
Nós sabemos que o senhor não cometeu crime algum.
Por isso, Presidente Lula, continuaremos lutando — jurídica e politicamente — para que a verdade prevaleça e vença.
Presidente Lula, vamos continuar também tendo esperança.
“A esperança”, como proclamou Santo Agostinho, “tem duas filhas lindas, a indignação e a coragem; a indignação nos ensina a não aceitar as coisas como estão; a coragem, a mudá-las”.
Abraço fraterno,
Leonardo Isaac Yarochewsky
* Leonardo Isaac Yarochewsky é advogado criminalista e doutor em Ciências Penais